9 de agosto de 2008

ESTÓRIA DE PESCADOR

"Teu sorriso é uma aurora,
Do Gondoleiro do amor".
(Castro Alves)


O pescador paciente esperava.
Em alto mar, todo chuvisco é tempestade.

Uma lamparina velha e desgasta,
(como a vergonha em sua cara)
Um anzol sujo e enferrujado,
(como os sonhos de outrora)
E uma vara, precisa e implacável,
(como seu coração... inenarrável)
São suas únicas companhias.

Com suas idéias rotas,
E uma bota cheia d'água,
(como essa barca torta em que veleja)
Divide o mar entre antes e pós ele.

Um dia, num velejo longo, numa viagem louca
Uma tempestade inexplicavelmente ameaçadora
(como as incertezas comuns da vida)
Desafiou o pescador e seus anos de mar:
A sua barca quase não agüentou,
Mas seu braço foi forte, sua remada precisa,
Sua fé inabalável...

Secou o rosto acreditando que Iemanjá o ajudou
E, marejado, respirou:

Podia pisar em terra novamente
Com sua estória pra contar.

(Max da Fonseca)

2 comentários:

Fabrício de Queiroz disse...

Gostei do uso dos parênteses.
Esse pode ser "um pescador que busca a terceira margem de um rio" ou, nada tão complicado, que somente evita se afogar, depois da pesca. Foi lá e pensou: "nada como pisar em terra firme"; em terreno conhecido.

Abraço poeta,
Fabrício

Bruna Rocha disse...

Jorge amado baixou aí heim? Adorei.. mto bom msm!


A Xícara está de pé!