7 de abril de 2011

IDA

“Irremediavelmente livre”
(Luís Antonio Cajazeira Ramos)

A verdade é que quando os amores passam,
Uma poeira levemente umedecida se assenta.
E é na poeira que eu me presto maior atenção.
Não fosse pela rinite, nela ficaria.

É chegada uma hora onde amar não basta,
E até aquela canção de cantarolar fica enfadonha.
Os defeitos não são mais um charme da vontade.
Eles aborrecem. E, aborrecido, me desligo.

Eu sempre saio exatamente como cheguei:
Numa cumplicidade absurda com tudo o que sinto.
Não dá para viver sob a tutela de ninguém.
Nada que retém, me ilumina ou engrandece.

E os dias passam guiados pela auto-suficiência,
É claro que é só uma máscara pra me convencer.
Solidão é estar ausente dos amores que me dão.
Liga o som que eu vou sem pressa. Chego já!

(Max da Fonseca)

2 comentários:

Fabrício de Queiroz disse...

Fantástico como de costume.

...essa poeira que nos desperta a rinite, principalmente a dos aquarianos.

Só tenha cuidado com as tantas vidas interrompidas, que "chamamos" aprendizagem.

Um pouco mais cedo, quando li esse poema, tinha acabado de ler "Licença poética" e ri sozinho da "coincidência".


Grande abraço

Mariza Resplandes disse...

Caramba, fantástico.


A Xícara está de pé!