7 de dezembro de 2008

ELEGIA A SOLIDÃO


O calor dos bolsos
consola as mãos vazias
e os passos vão passando
imperceptivelmente
no frio da noite.

A sombra acompanha,
no mausoléu de solidão
(taciturna companhia)
e demasiadamente
vou lembrando outrora.

A hora nem importa
nada muda, nenhum consolo
vou vendo possibilidades
esperançosamente,
em sorrisos alheios.

Permeio entre becos,
caminho nas estradas,
me perco nas entranhas
e estranhamente
vou seguindo; quase chego.

Passos curtos, pacientes;
a boca calada
de palavras mudas,
resistentemente,
contém suas confissões.

O outro olhar nem desconfia
que tem posse em poesia:
perdido vai seguindo,
e desatenciosamente,
tropeça, mas não olha.

A falta de olhares incomoda
e a porta vai fechando,
vai abandonando a passagem,
desafinadamente,
range a dor de uma ida.

As palavras lançadas ao acaso
invadem em esperança,
chega ao coração calejado
e dolorosamente,
estoura a bolha de um calo.

(Max da Fonseca)

5 comentários:

Fabrício de Queiroz disse...

Realmente... rs
Caminhar dó nos pés de muitos, mesmo quando se trata de uma sinergia barata com algum sentimentos.

Consigo ler e me sentir só.


Abraços

Denisson Palumbo disse...

Têm versos muito bons neste poema meu caro...imagens marcantes, como a das mãos no bolsos e a dos calos nos pés estourados, e ainda por cima ritmo, mesmo quando não rima. Rima no sentido ;). Os advérbios caem bem. Definitivamente você é um Poeta :D

... disse...

Muito bom, caro poeta. Uma linguagem descritiva que, cotidianamente, traga os anseios de caminhar. Ao porto em que não se acham encontro e salvação. A bússola é o instante. A graça, os pés no chão.

Parabéns pelo escrito! Passo a acompanhar-te o blog.

Murilo Rafael

Iaiá Pereira disse...

Por que eu passo tanto tempo sem vir aqui?
Eu não sei exatamente quais palavras poderiam descrever esse poema.
Se é que existe alguma.
Saudade.

Thiers Rimbaud disse...

Invado confiante sua solidão afirmando que a beleza existe neste porão.


“...A hora nem importa
nada muda, nenhum consolo
vou vendo possibilidades
esperançosamente,
em sorrisos alheios...”

Talvez numa esquina do abandono, surjam sonhos fabricados por instantes
Entenda do seu jeito, isto pco importa, o melhor de tudo é q sua poesia continua forte e tensa ( ou será intensa?)


A Xícara está de pé!