27 de dezembro de 2008

REVEILLÓN

Parte o tempo.
E já não tão contínuo
traz, fragmentado,
novos pedaços de esperança.

O ano velho,
quase passado,
permite novos sonhos,
já tão sonhados em outrora.

No relógio, meia-noite,
a passagem acontece
e o tempo,
transeunte clandestino,
vai cobrindo todas as dores.

Tornam-se incolores
as cicatrizes,
marcas de batalha
do sofrimento de baixo.

E a bebida vai mentindo
o cansaço
de um declinado ano-novo
sem maiores novidades.

Que as taças quebrem
e azedem os champanhes;
As mentiras não irão passar.
Sirvam os banquetes,

a fome só aumenta.

(Max da Fonseca,

Aos terturianos que sofrem o pesar de todos. )

8 comentários:

soumpoema disse...

Max, está lindo este espaço! O blog da Revista "Na borda..." está muito legal tbm! Parabéns pela garra q vc e os poetas q estão contigo nessa empreitada têm!

Me convide mais vezes pra vir aqui q virei! É só me deixar o link vez ou outra! Obrigada pela sua amizade e por partilhar sua inspiração!

Carol

R.Guimaraens disse...

Max, hoje minha mente trabalha menos que o necessário, pois estou virótico assim como a mudança no tempo (clima). Tive que ler por várias e várias vezes este poema, iniciando pela leitura completa da imagem-referência para tal. Ignorar as regalias que damos - e os moldes em que nos pomos - para satisfazer a burguesia, é o que mais entendo na imagem. Quanto ao poema, não preciso reafirmar como o calejar de suas idéias pode ser tão fascinante. Quando me irritava com os "incentivos" que nós, terturianos, recebíamos, verdadeiramente não falava deste poema.

Muito obrigado, amigo.
E que a luta de classes sempre o inspire a estar conosco "sofrendo pelos outros".
Grande Abraço.

Anônimo disse...

Uma visão de "novo ano" concordo com o que você diz, ao longo da poesia, e acho interessante como mistura a visão "ano novo" com o cotidiano(dominical? =p) sem retirar os créditos de um nem do outro. E mantendo os dois vivos.
Abraços e boas festas!
Vou comer algo, tenho a Fome.

Anônimo disse...

E sofremos, camrada, como nós sofremos.
E não vale dizer que o sofrimento, assim como o trabalho, enobrece a alma. O sofrimento é desnecessário, mas não nesse tipo de sociedade. Assim como o trabalho enlouquecedor e incessante.

As mentiras passaram muitos anos. Mas chega um momento em que a Verdade se torna óbvia demais pra ser negada.

Obrigado pela homenagem. Abraços Socialistas.

Anônimo disse...

De Schopenhauer a Roger Waters:

"I recognized myself in everybody's face"


que nenhuma miséria lhe seja indiferente.

Totty disse...

É incrivel como tens a sensibilidade de notar o ambiente em que vive, mesmo que por hoje, todas nossas motivações pareçam superficiais aos outros.
Seu poema está no mínino fantástico,
te adoro,
continue assim!!!

do sempre teu,
Totty

Denisson Palumbo disse...

...chato ... (risos)

Bruna Rocha disse...

Disse tudo. E mais um tanto.


A Xícara está de pé!