No retrato, recordo o sorrir.
Um ato já tão banal pra mim
que simulá-lo pro espelho,
afim de me convencer algum prazer,
parece tortura, loucura, miragem.
A barba por fazer condiz ao ego
já tão sofrido e massacrado.
Desacredito que ser soldado,
dito condecorado patriota,
seja ser um cidadão tão bom assim...
Eu não nasci para matanças.
O olhar pueril de um civil inocente,
quase sempre, me martiriza:
O meu fuzil treme e, abalado,
não consigo ir ao disparo...
Tranqüiliza-me perceber o humano
que ainda me contém. -Não é o fim.
Penso, esperançosamente,
crente que o sorrir não será, pra sempre,
um impotente sonho ideológico.
Dizem que muito logo acabará,
essa guerra desprovida de um sentido,
que me convença da necessidade de um tiro.
Anseio a permissão para piadas inocentes;
anseio pelo regresso ao tempo do sorriso.
(Max da Fonseca)
9 comentários:
Não nascemos para guerra.
Mas nascemos para a tristeza e com a habilidade inenarrável de sentir-se confortável frente à saudade de um sorriso.
Forte abraço,
Fabrício
Ess foi muito bom.
Cada dia melhor, heim bem?
Muitíssimo bom...
Não nascemos para a guerra... ela é que nasceu para comportar os seres humanos, suas discrepâncias de pensamentos, diversidade de idéias e, principalmente, a assimetria demasiada de sentimentos.
Se os soldados lessem Poesia não haveria holocaustos...
Toda guerra interna de um soldado, acaba quando vê em uma vítima, o sorriso, grato por ainda haver misericórdia.
Forte abraço!
Lucas Matos
Muito bom, bom mesmo.
Voltarei aqui =]
Seus poemas causam forte impacto...Grandes emoções...perco as palavras e não consigo comentá-los rss...vc é de mais!sou sua fã!
Gostei muito!
Descobri seu blog pela postagem do "Na Borda da Xícara", que decobri por outro, que um outro que gosto muito me fez descobrir (adoro a internet! rs).
São dos escritores criativos, dos que sabem variar os assuntos de seus textos e poemas, que gosto mais. Bate na gente uma vontade de fazer igual :)
Vou voltar mais vezes.
Parabéns!
Felizmente há os que pensam assim nas fileiras dos Exércitos. E por esse motivo não há mais tantos massacres como outrora.
Ante a isso há uma filosofia militar que tacha de covarde o que hesita a disparar num homem desarmado. E de herói o que destrói famílias civis sob a alcunha de "contra-terroristas".
É... sou milico, mas também tenho sentimentos. hehe...
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