24 de março de 2008

Bip



A princípio só uma imensa escuridão
Não há sombras - ausência de luz
O pensamento vagueia em corpos nus
Nunca houve amor - apenas tesão

Um sexo banal por meio às flores
Velhas a colher violetas em contemplação
'Tic tac' no relógio, é Morfeu em penetração
Um pintor pintando arte em todas as cores

Pintura borrada - é o amor
De repente chove e é deserto
Camelos a passear, neva -inverno
Um súbito frenesi do ator

Fecham-se as cortinas vermelhas
Os olhos para não ver apertam-se
E ao abrir cumprimentam-se
zarolhos, sangram as certezas

Tiros ao alvo e pessoas correndo
Abrem as cortinas novamente
Um corpo agachado doente
Sou eu, já não sou mais- veneno

Um estalo e a calmaria se finda
Comendo um doce a menina me acena
Cumprimento-a em mensura pequena
Que delícia de menina linda

Outro estalo e feliz aniversário
Rasgo os embrulhos dos presentes
O que mais me agrada é de um demente
-colega de quarto- Um relicário

Uma penetra adentra minha festa
Vem maltrapilha de mãos vazias
Chega com filho, mãe, tio e tias
Apresenta-se com um sorriso na testa

Questiono sua presença desvirtuada
Ela pega uma bebida -champagne na taça
Bebe a bebida e come a taça na raça
Não a digo mais nada - não há palavra

O chão se abre e sinto-me caindo
Falta apoio por sob meus pés
Escuridão maldita a arrancar-me os viés

Um 'bip' desperta o corpo dormindo.

(Max da Fonseca - 24/08/08 - após um sonho estranho)

2 comentários:

Thiers Rimbaud disse...

Não, é imperdoável que não se comente o Bip...
Um Bip e desperto do olhar maroto da menina.
...
" Pintura borrada - é o amor
De repente chove e é deserto
Camelos a passear, neva -inverno
Um súbito frenesi do ator "
...

És um ator de palavras enlameadas, de turmalinas lavadas, de desertos plantados. Dessa neve que acorda o poeta pra nova jornada.

Max da Fonseca, disse...

Eu sou aquilo que melhor me cabe, saudoso irmão.


A Xícara está de pé!