27 de março de 2008

Pântano neural


Sentei em uma mesa estranha -acompanhado
Tomei um café amargo -triste café
Brindei em louvor a todos os sentimentos clichês
E me entreguei de vez a embriaguez de poesia

Rabisquei palavras ordinárias em um guardanapo
Limpei a merda do cu e paguei em dinheiro a bebida
Tomei a “saideira” pra sarar as feridas - lazarento
Eu nojento. Sou essência inversa de alegria.

Mascarado na intimidade - armado até os dentes
Não há deus que me subjugue, nem coração que me caiba
Sou ancião de pouca idade. Sentes? Doente, triste poeta.

Retorno ao meu lar, o quarto - esconderijo apedrejado
Vejo meus morcegos a gritar seus ais, marejados -raiva
Eu rastejo como cobras-emplumadas, nos pantanais:

Não há deus que me subjugue, nem coração que me caiba.

(Max da Fonseca)

6 comentários:

Thiers Rimbaud disse...

Existem 2 Max.
Eu os conheço. Em um moro o menino, joga bola, surfa. No outro mora um poeta cansado que amaldiçoa in verdades e cospe na mão do criador... ou será do cria-dor?
fato é que os Maxis.. rsrs. São extra terrestres
chutam latas em terreno baldio..
São extra de qquer jeito..

Anônimo disse...

To curtindo mais. Voce esta começando a seguir um linha que curto muito.

Só queria que soltasse mais as palavras, as vulgarizassem, baixasse o nível, tornando-as mais excitantes. EXCITANTE! Literalmente.
Não necessariamente perdendo sua poesia.

Nesse dia, pode dedicar pra mim.

Vai lá irmaozinho!
hehe

Liah in Casulo disse...

A gente se perde,

ou se acha

na LINGUAgem

ou

na FALTA dela.

Não há de comportar um gigante das palavras na falta de um pequeno Une-verso.

beijos em ti, Max.

Lucas Matos disse...

Você é muito bom meu caro.

O café tem dessas coisas... deixa-nos assim...

Unknown disse...

Prazer ... denso, profundo e entranhado prazer! Foi o q senti lendo teus versos neurais e pantanosos. Os vocábulos bem escolhidos, os jogos semânticos, os versos bem construídos fazem do poeta o punhal com qualidade suficiente para furar o coração das gentes, como já dizia um amigo e poeta que tenho comigo hehehe.
Cara, ler-te é um enorme prazer, amigo e irmão em poesia! Abraços!

Fabrício de Queiroz disse...

Quando se pensava que seriam 14 foram 15...

Baião, nem precisa comentar isso: mesmo se ele for vulgar, não perde a "compostura".


A Xícara está de pé!