11 de março de 2008

Puro Retorno

Numa folha de papel reciclado, como o amor,
Escrevo versos limpos (ao menos desta vez).
Limpo toda a sujeira da embriaguez
E descanso o fígado, eterno sofredor.

Brindo o vinho tinto e desembarco em seu porto,
Atraco todos os navios: que venham barcarolas!
Sou pirata em desafio roubando versos da aurora,
Deixando cicatrizes pelo corpo - suado corpo.

E se um dia a morte me disser que vou,
Te deixo a carta, em testamento tudo que não sou:
-jóia rara, flor-de-lis, arco-íris, pureza angelical

Mas se não te agrada; contorna, não demora,
Levo embora tudo que não quis, e te deixo agora:
-os músculos, a carne, o olho de vidro e a perna de pau.

(Max da Fonseca)

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Diante de tamanha lucidez de palavras, do encontro de sua sensibilidade com o textual, do carinho e papo que flui no caminho do acaso - eu agradeço tudo isso, de verdade.

Obrigado!

Thiers Rimbaud disse...

Um doce... Max deixa um doce, pois em sua alma-poeta, as palavras desmancham na boca, minha boca coroada de formigas, cospe açucar em teus olhos gris.
Max é uma declaração de amor masculina, sem sexo( este eu guardo pras Madonas.. kkk), minha declaração é de poeta pra poeta.

** Gaivota ** disse...

Todo verso traz em si a forma da agonia. todo verso encontra-se na partida. Quero o sim, busco o não neste retorno me vou na contramão.
Belo poema explícito.
Gaivota

** Gaivota ** disse...

Max

Numa folha de papel reciclado, como o amor,
Escrevo versos limpos (ao menos desta vez).
Limpo toda a sujeira da embriaguez
E descanso o fígado, eterno sofredor.

estou aguardando, com lenço, perfume e bactericida... já mandei o convite e assim acabo com a magia... Verso em desencanto e en canto Com Verso


A Xícara está de pé!