PUERIL
Nasce com uma martelada na cabeça
e segue saudavelmente enfermo.
Lhe habita um inferno não notado
pelos anos datados como infância.
Aprende um idioma, uma idéia
que nunca foi a sua de nascença.
E descansa sua vontade de pensar
na prática preguiçosa da aceitação:
"Nunca dizer não! Nunca dizer não!"
Aos dez até faz catequese,
mas já cansado dessa cama cristã...
Acorda sua preguiça e procura-se,
desce em tobogã rumo à consciência.
Melado pela merda de outrora;
inconformado pela hora de agora.
Escala a montanha do protesto,
incestuosamente confessa-se descrente:
"Eles mentem! Eles mentem!"
E na trama da arte que marca,
a juventude é uma arma.
Pois que tremam os palácios:
o encanto acabou.
(Max da Fonseca)
8 comentários:
Paraz.. estou bestificada! Brilhante, meu amigo! Brilhante!
Nada é verdade na infância.
Ou, talvez, nada hoje seja verdadeiro.
Esse, comentário é realmente um desabafo, me emocionei com sua poesia, essa, é... é perfeita cara. Parabéns você cresceu de novo!
Abração.
E tendo findado o encanto, pelo protesto ou pela luz da consciência, vale a pena abandonar as cavernas da infância?
Antes de existir eu era inconsciência, e preferia assim...
Cara, tu é bom.
=)
"Eles mentem! Eles mentem!"
E na trama da arte que marca,
a juventude é uma arma.
Pois que tremam os palácios:
o encanto acabou.
>>
uau! meu poetinha cresce e fica nu
Descobrir é um perigo... realmente, deixa a gente pelado.
Abraços
explêndido!
adorei.
:*
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