20 de novembro de 2008

PUERIL


Nasce com uma martelada na cabeça
e segue saudavelmente enfermo.
Lhe habita um inferno não notado
pelos anos datados como infância.

Aprende um idioma, uma idéia
que nunca foi a sua de nascença.
E descansa sua vontade de pensar
na prática preguiçosa da aceitação:

"Nunca dizer não! Nunca dizer não!"

Aos dez até faz catequese,
mas já cansado dessa cama cristã...
Acorda sua preguiça e procura-se,
desce em tobogã rumo à consciência.

Melado pela merda de outrora;
inconformado pela hora de agora.
Escala a montanha do protesto,
incestuosamente confessa-se descrente:

"Eles mentem! Eles mentem!"

E na trama da arte que marca,
a juventude é uma arma.
Pois que tremam os palácios:
o encanto acabou.

(Max da Fonseca)

8 comentários:

Bruna Rocha disse...

Paraz.. estou bestificada! Brilhante, meu amigo! Brilhante!

Iaiá Pereira disse...

Nada é verdade na infância.
Ou, talvez, nada hoje seja verdadeiro.

Anônimo disse...

Esse, comentário é realmente um desabafo, me emocionei com sua poesia, essa, é... é perfeita cara. Parabéns você cresceu de novo!
Abração.

Rafiki Papio disse...

E tendo findado o encanto, pelo protesto ou pela luz da consciência, vale a pena abandonar as cavernas da infância?

Antes de existir eu era inconsciência, e preferia assim...

Acácio S. disse...

Cara, tu é bom.

=)

Thiers Rimbaud disse...

"Eles mentem! Eles mentem!"

E na trama da arte que marca,
a juventude é uma arma.
Pois que tremam os palácios:
o encanto acabou.

>>
uau! meu poetinha cresce e fica nu

Fabrício de Queiroz disse...

Descobrir é um perigo... realmente, deixa a gente pelado.

Abraços

inha. disse...

explêndido!
adorei.
:*


A Xícara está de pé!