12 de abril de 2009

SUBTRAÇÃO


"Judas, é com um beijo que entregas
o Filho do Homem?" (Lc, 22, 48)

Do sorriso fez-se tempestade.
Tempestuosamente despencou,
chuva forte, seca, destra;
navalhando a pele fraca,
molhando a cara suja.

Eu, um culto à perfeição,
cuja sorte do zodíaco
contemplou em tom homérico
fiz-me erro. Entre mangue,
sangue e conhaque, tombei.

Senti o gosto da lama,
o tato do chão.
Tilintou a taça azeda;
seus cacos me cortaram.
Marcado, eu gemo; um fraco!

Não há máscara, nem véu,
nem maquiagem ou forca
pra disfarçar minha vergonha.
O abismo me espreita;
Uma platéia me assiste.

Contido no inferno,
eu, arrependido e desolado,
sob lâmpadas e holofotes,
sapateio meu perdão,
no amor de trinta moedas.

(Max da Fonseca)

9 comentários:

Palma da Mão disse...

Bem, numa palavra, ou melhor em duas palavras, que Lindo!
Beijinhos
Liliana

Bruna Rocha disse...

puta que pariu, heim?

Voltou com tudo.. como sempre, com versos fortes e marcantes.

Esse é o meu garoto!

Bjo, amigo!

Fabrício de Queiroz disse...

Parece que algo foi tirado de mim, que estou caindo e começo a lembrar dos meu pecados... cinco semanas de espera que valeram a sensação da poesia.

Abraços,
Fabrício

Helô Müller disse...

Adorei seu Blog ! Parabéns !!

thiê disse...

Sempre impressionante... gosto principalmente da sua visão de mundo. É realmente impossível de negar ou podar seu talento.

Anônimo disse...

Já tinha esquecido como é bom isso aqui rpz!

Palma da Mão disse...

Saudades de poder absorver as palavras,,,de viver cada frase como uma nova fase...Saudades:)
Beijinhos
Liliana

Anônimo disse...

Caramba rapaz, você é bom. Bom? É pouco.
Queria um pouco dessa intimidade com as palavras. Meus parabéns!

Anônimo disse...

Acho que a única coisa que falta na pessoa Max enquanto poeta, é escrever. No caso continuar escrevendo, juntar os versos e dividir com o mundo.


A Xícara está de pé!